segunda-feira, 30 de maio de 2016

A hipocrisia da redução de despesas

Richard Jakubaszko
O Brasil sob nova direção retoma como prática a velha hipocrisia que sempre predominou neste país de semianalfabetos e sem cultura política. Para manter esse status quo os coronéis de ontem e de hoje nunca investiram na alfabetização e na cultura do povo. A mídia mente (e omite-se) desbragadamente, pois defende seus afilhados políticos, façam as besteiras que fizerem.
Só com o desconhecimento da sociedade consegue-se mentir tanto a respeito da propalada redução de despesas do governo federal.

Vejam e comparem o orçamento da União em 2 gráficos expostos abaixo:

Orçamento da União em 2008


















Orçamento da União em 2014
Qual a diferença?
É brutal, a parte destinada ao pagamento da dívida, em 2008, era de 30,57%
Em 2014 decolou para 42,42% (e bateu nos 50% em 2016)

Enquanto isso, a da Previdência caiu, era de 27,84% em 2008 e caiu para 20,05%

Ora, o orçamento da União é simples de entender, se olharmos para a Taxa Selic. De um lado, em 2012 andava na casa dos 7% e hoje está em 14,25%. Ou seja, explica-se o enorme aumento dos pagamentos aos bancos e rentistas. Lembro que cada 1% na Selic representa algo como R$ 5,5 bilhões de reais.

Essa questão da Selic, entretanto, não explica o todo.

Devemos entender que o orçamento é dinâmico. Grosso modo, tudo é uma questão de receita e despesa. Se a receita aumenta, é maravilha, mas se apenas as despesas crescem, vai faltar dinheiro no caixa. Na casa da gente também é assim.

De outro lado, a da receita, devemos colocar nessa conta as desonerações de impostos para estimular consumo, burrada de estratégia feita por Dilma Rousseff, em 2014 e 2015, para baratear eletrodomésticos e automóveis. Quando se percebeu que o consumo não aumentou (o que geraria mais impostos, e isso compensaria as desonerações, e ainda garantiria emprego) já era tarde, o efeito danoso foi que reduziu a receita do governo. Aí, faltou dinheiro em caixa para as despesas rotineiras, e o governo foi ao mercado para cobrir o rombo de caixa. Igual a nossa c.c. nos bancos, quando se usa o cheque especial. O custo do dinheiro, é lógico, aumentou sobremaneira, o que explica a escalada da Selic, e, mais ainda, o aumento do percentual das despesas da União dirigidas para essa rubrica de “pagamento dos juros e da dívida pública”. Nos tempos de FHC essa rubrica sempre esteve acima de 50%, e chegou a ser de mais de 60% no final de 2000.

Agora, sob o novo governo, o que se pretende com a "redução de despesas", é “equilibrar o orçamento”, caso contrário a Selic tem de aumentar ainda mais. A briga dos banqueiros, obrigando o governo a reduzir despesas, é para que “sobre” um dinheirinho para pagar os juros cobrados por eles. Baixar a Selic está fora de questão, é claro, e a mídia nem discute isso. Ela é fiadora do capital e dos rentistas. Por isso a mentira do governo, aplaudida pela mídia.

O que o novo governo faz? Finge que não vê a rubrica dos banqueiros, e olha para a Previdência e outras questões menores. A despesa da Previdência é grande, porque as pessoas vivem mais hoje em dia, mesmo assim ela caiu, e querem reduzir ainda mais. E porque o orçamento total foi reduzido, comparando-se 2008 com 2014. Conclusão, o futuro aposentado vai pagar a conta, vai ter de trabalhar mais tempo, e vai reduzir o total de seus proventos, porque ao mesmo tempo o Salário Mínimo deixará de conquistar ganhos reais em relação à inflação.

Não vi, em nenhum momento, o governo falando em aumentar impostos. Pelo contrário, o ministro de plantão deixou claro que isso está fora de cogitação. E tomem-se medidas drásticas de reduzir ministérios, cortar cafezinho ali, eliminar a sobremesa por lá, cortando o Minha Casa, Minha Vida, paralisando as obras de infraestrutura etc., etc.

Rico neste país não paga imposto, essa é a verdade absoluta e inquestionável. Enquanto o trabalhador começa a pagar imposto sobre a renda a partir de um salário merreca de R$ 1.903,00 os empresários não pagam nada sobre os dividendos (lucros) auferidos de suas empresas. Não há, no Brasil, imposto sobre herança, ou sobre doações (de verdadeiras fortunas) para seus herdeiros. É por causa disso que o Michelzinho já tem patrimônio de R$ 2 milhões em imóveis, aos 7 anos de idade...

Não vi, em nenhum momento, o governo falar em cobrar dívidas atrasadas de impostos de empresas, que discutem isso na justiça há décadas.

Não vi, em nenhum momento, o governo falar de repatriação de dinheiro depositado em contas off shore e em paraísos fiscais, dinheiro comprovadamente oriundo de corrupção, mas que os abastados chamam de “propina”. Propina é gorjeta, e nunca vi montanhas de dinheiro serem chamadas de gorjeta. É que nossa elite corrupta se sente mais confortável se a semântica for mais simpática. Claro, também não são golpistas, apenas cumpriram a constituição, pois o estatuto do impeachment consta do livrinho. Mas não chame eles de golpistas, eles não gostam, pois são neoliberais, e constitucionalistas.

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quarta-feira, 25 de maio de 2016

O negócio é não brincar com os velhos

Richard Jakubaszko

Recebi por e-mail a fantástica história do velho médico, enviada pelo amigo Hélio Casale, engenheiro agrônomo e cafeicultor da velha gema, e que abaixo reproduzo para seu deleite:



O velho médico, e o jovem. FANTÁSTICO!


É triste ver que muitas pessoas em gerações mais jovens não parecem mostrar respeito pelos idosos. Não é que falta respeito, é que falta-lhes, insultuosamente, remover o valor da experiência em nossa sociedade, por isso ignoramos seus pontos de vista, ou não os levamos a sério. Não foi sempre assim. Na verdade, muitas culturas africanas e asiáticas tendem a reverenciar os idosos devido a profundidade de sua experiência de vida e sabedoria. Isso contrasta com algumas culturas ocidentais, onde aqueles da velhice são vistos como uma coisa ruim ou de coisas antigas e ultrapassadas. Os jovens desta história, que têm viralizado em redes sociais, estão prestes a aprenderem uma lição sobre respeito para os mais velhos.


Esta é a história:


Um velho médico estava muito entediado depois de ter sido aposentado, então decidiu abrir um novo consultório. Ele colocou um cartaz exterior que dizia: "Doutor Martínez. Faço o seu tratamento por US$ 500 e se não curar você receberá US$ 1.000 de recompensa". 
Vizinho no bairro estava o médico Lozano, um jovem médico que desacreditava que este pedaço de "velho" poderia saber tudo da medicina, então ele decidiu ir, para ganhar 1.000 dólares de recompensa e foi consultá-lo.


Foi assim, a consulta:



Dr. Lozano: "médico Martínez, perdi todo meu gosto da boca. Você poderia me ajudar?"

Doutor Martínez: "enfermeira, por favor traga o medicamento da caixa 22 e dá-lhe três gotas na boca deste senhor".

Dr. Lozano: "Eca! Mas isso é gasolina!."

Dr. Martinez: "Parabéns! Você recuperou assim seu gosto na boca. São US$ 500".


Dr. Lozano retirou-se muito irritado pelo truque do seu colega mais velho e decidiu voltar alguns dias mais tarde para recuperar o seu dinheiro.


Dr. Lozano: "Eu perdi minha memória. Eu não me lembro de nada".

Doutor Martínez: enfermeira, por favor traga o medicamento da caixa 22 e dá-lhe três gotas na boca do paciente.

Doutor Lozano: "Bah! Não faça isso! É a gasolina".

Dr. Martinez: "Parabéns! Vejo que recuperou sua memória. São US$ 500, por favor".


Novamente Dr. Lozano deixou muito zangado a consulta de Martinez, tendo perdido um mil dólares. Mas ele era tão teimoso que decidiu voltar uma semana depois para recuperar todo o seu dinheiro.


Dr. Lozano: "minha visão tornou-se muito fraca. Como eu posso ver um pouco mais e melhor!"

Doutor Martínez: "Desculpe, mas tenho não nenhum medicamento para isso. Então aqui você tem seus 1000 dólares de retorno” (e dá ao Dr Lozano em vez de US$ 1.000 uma nota de US$ 10 dólares).

Dr. Lozano: "mas isto é apenas US$ 10!"

Dr. Martinez: "Parabéns! Recuperou a visão. São US$ 500".



Moral da história: não é porque você é jovem que significa que você pode enganar um velho.

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terça-feira, 24 de maio de 2016

“O envelhecimento não é mais um destino: é um processo configurável”

Deutsche Welle
A cada ano as pessoas estão vivendo mais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a expectativa média de vida hoje é de 71 anos, levando em conta a média global e ambos os sexos – em 1990, ela era de apenas 64 anos. No Brasil, esse índice melhora: os brasileiros vivem, em média, 75 anos.

Em entrevista à DW, o ginecologista Bernd Kleine-Gunk, presidente da Sociedade Alemã de Prevenção e Medicina Antienvelhecimento (GSAAM, na sigla em alemão), enumera os diversos fatores favoráveis a essa maior longevidade. Mas garante não haver uma fórmula secreta de rejuvenescimento: “Existem, porém, muito bons conselhos.”

DW: Por que as pessoas estão vivendo mais – pelo menos no Ocidente?

Bernd Kleine-Gunk: Existem diversos fatores favoráveis. Os cuidados médicos, por exemplo, estão em constante progresso. Mas sabemos que isso não é o mais importante. O fator decisivo é que hoje temos melhores condições de vida, como melhor alimentação e melhor higiene. Esses aspectos influenciam mais na expectativa de vida da população do que a medicina propriamente dita.

O que podemos aprender com as chamadas “zonas azuis”, onde as pessoas vivem mais do que a média mundial?
Não existe um denominador comum em todas elas. Em cada região, a população leva um estilo de vida diferente. Na Sardenha, por exemplo, eles afirmam que o vinho tinto é o segredo de sua longevidade. Já na ilha japonesa de Okinawa, o segredo seria a alimentação à base de algas. No entanto existem alguns fatores comuns: ninguém que chegou aos 100 anos, em qualquer dessas regiões, estava acima do peso. Pelo contrário, eles são adeptos da restrição calórica há décadas, como recomendam os especialistas em rejuvenescimento. Mas não como medida dietética consciente, e sim porque não tiveram alimento suficiente por muitos anos.

Além disso, a base de sua dieta são frutas e verduras. Muitos deles são agricultores e continuam trabalhando enquanto a idade – e o físico – permita. Por isso, passam muito tempo respirando ar fresco e adquirindo bons níveis de vitamina D. E, por último, o mais importante: eles estão bem arraigados em suas famílias e comunidades. Nenhum deles vive num lar de idosos. Esse sentimento de “Eu sou útil e tenho um papel a desempenhar na vida” é crucial e lhes dá forças para que continuem vivendo.

Qual é a importância da atitude pessoal para se viver mais?
Gente otimista e afetuosa tem mais amigos durante a velhice. Quem é amável também é digno de ser amado. É bom se sentar junto com essas pessoas – com os rabugentos, nem tanto assim. Descobrimos que essa é também uma fantástica profilaxia da demência. O cérebro é um órgão social: precisamos do intercâmbio com os outros, e ele é muito mais fácil com os que têm uma estrutura básica amigável do que com os que vivem como lobos solitários.

Existe alguma fórmula para permanecer jovem por mais tempo? 

Uma fórmula única, seguramente não. Mas existem conselhos muito bons. Um deles é: não deixe de fazer as coisas de que gosta. Nenhum artista deixa de pintar aos 65 anos, ou de escrever, ou de tocar música. Outro conselho: evite tudo aquilo o que faz envelhecer e morrer prematuramente, sobretudo fumar. Mais uma dica: cuide de seu peso, siga uma dieta equilibrada. E nunca perca a curiosidade pela vida. Se estou sempre descobrindo coisas novas e belas, tenho uma boa motivação para seguir vivendo.

Por que envelhecemos?
Estamos na Terra porque temos um objetivo biológico básico, que consiste em transmitir nossos genes às gerações seguintes. Feito isso, nos tornamos prescindíveis. Então passamos a envelhecer de maneira significativa e mensurável. Até os 30 anos, quando a missão de reproduzir normalmente foi cumprida, permanecemos jovens. A partir daí, não somos mais interessantes para a Mãe Natureza. Quem, então, ainda quiser se manter jovem e saudável, precisa se cuidar muito.

As mulheres se tornam inférteis antes dos homens, mas a expectativa de vida delas ainda é maior. Como isso se explica?
Há duas teorias. A primeira é que as mulheres são mais importantes. Elas contribuem para a preservação e reprodução da espécie muito mais do que os homens, por meio da gravidez, da amamentação e da criação dos filhos. Dessa forma, estão mais protegidas biologicamente.

A outra versão é a assim chamada “hipótese da avó”. Ela postula que as mulheres de idade avançada, mesmo que inférteis, ainda mantêm um papel importante na educação e criação dos netos, o que também ajuda a preservar a espécie. Por isso as mulheres vivem mais. Homens idosos, por sua vez, são só uma boca inútil para alimentar.

O que ocorre com o corpo quando envelhecemos?
Várias coisas, muito diversas. Basicamente, podemos distinguir sete pilares do envelhecimento. Um deles é a oxidação, um processo pelo qual são gerados os chamados radicais livres, que passam a nos contaminar. Há também o processo de glicosilação, em que o açúcar se associa à proteína, impedindo que os tecidos do corpo funcionem corretamente.

Outro pilar do envelhecimento são as inflamações crônicas – aquelas que ocorrem em pequena escala. A morte das células-tronco, responsáveis por nos regenerar, é outro processo que nos leva a envelhecer. Danos genéticos e epigenéticos ao DNA aumentam com a idade e causam doenças relacionadas à velhice.

Outro pilar é a falta de hormônios e, por fim, o encurtamento dos telômeros, as extremidades dos cromossomos. A cada divisão celular, eles se encurtam um pouco, até alcançar um limite crítico, quando as células não são mais capazes de se dividir e morrem. Hoje já é possível medir o comprimento dos telômeros, o que é um possível parâmetro para avaliar a longevidade.

Medindo os telômeros é possível prever quando morreremos?
Não, isso seria um excesso de interpretação e só serviria para assustar as pessoas. Mas a medição dos telômeros nos permite descobrir se somos biologicamente mais velhos ou mais jovens do que indica nossa idade cronológica. E a boa notícia é: podemos influenciar o resultado desse exame através de nosso estilo de vida. O envelhecimento não é mais um destino: é um processo configurável.

Publicado originalmente em http://www.dw.com/pt/envelhecer-n%C3%A3o-%C3%A9-mais-destino-%C3%A9-um-processo-configur%C3%A1vel/a-18994324

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Chomsky detona o golpe do impeachment

Richard Jakubaszko 
Noam Chomsky detona o processo de impeachment no Brasil, e o chama de golpe, tudo isso numa rápida entrevista para a TV americana: 

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sábado, 21 de maio de 2016

O dia da indignação

Richard Jakubaszko 
Trecho de entrevista de Lula para um jornalista estrangeiro mostra o que ele sentiu ao acompanhar Dilma Rousseff na saída do Palácio do Planalto.

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sexta-feira, 20 de maio de 2016

O olhar do estrupício IV

Richard Jakubaszko 
Três vezes ao dia fumo meu palheiro, hábito adquirido faz muitos anos, e que me tornou mais afeito a reflexões do que já era quando jovem. Curto o momento das longas pitadas, e vou pensando sobre os desafios do cotidiano, resolvo problemas e conflitos mundiais, esclareço entreveros econômicos, desentendimentos sociais, disputas políticas, até mesmo mistérios de ordem religiosa.

Hoje pela manhã saí de casa já com o lambido aceso e fumegante. De casa ao metrô são uns 15 minutos de caminhada normal. Como passei rápido pela travessia da avenida, antes de chegar à estação do metrô, pois o sinal estava aberto aos pedestres, a caminhada foi mais curta do que o normal, e quando cheguei na entrada da estação havia ainda metade do palheiro para queimar. Fiquei em pé junto ao meio fio da calçada, de costas para a entrada da estação, e fui pitando as derradeiras tragadas.

Um sujeito, de uns 30 anos, me olhou do outro lado da rua e foi chegando devagar. Ao chegar me olhou firme nos olhos, depois disse, enquanto mexia ligeiramente com os olhos e a cabeça, como que tentando me fazer olhar para trás dele: o cara ali falou que vai me dar um tiro.

Olhei pensativo para o ameaçado, que não aparentava estar com medo. Enquanto não vinha a minha resposta os olhos do sujeito continuavam a se movimentar, empurrando levemente a cabeça dele para o mesmo lado. A solução me veio rápida, antes que ele me pedisse dinheiro para ir para longe dali, ou qualquer coisa nesse sentido. Respondi então que eu tinha duas coisas a fazer diante da inusitada ameaça. Primeiro, recomendar que ele fosse até a viatura policial que estava estacionada sobre a calçada, uns 50 metros de onde estávamos, e onde havia cerca de 4 policiais militares.

Em segundo, que eu ficara repentinamente apressado naquele exato instante, pois fui acometido de algum receio de que o sujeito da ameaça tivesse má pontaria e seria perigoso ficar ali ao lado dele.
Fui, sem esperar resposta.
Nessas horas não dá para ser solidário. Vai que era verdade...
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quinta-feira, 19 de maio de 2016

Resposta urgente à ministra Rosa Weber

Richard Jakubaszko 
Ministra Rosa Weber, acredite, não há nenhuma ironia, a presidente Dilma Rousseff deveria responder-lhe, diante do seu questionamento público, que o impeachment é um golpe, porque "a literatura assim o permite".

Ministra, a senhora está reescrevendo história por vias tortas, a grande noite de São Bartolomeu foi uma pendenga entre católicos e protestantes, e enterrou definitivamente o que o Vaticano tinha de credibilidade entre os fiéis.

Só haverá justiça em seu questionamento se houver intenção de julgar o mérito desse impeachment golpista, com todo o rigor jurídico que o caso requer.

Talvez o Brasil possa então voltar a ser respeitado mundo afora.
Fora isso, ministra, é hipocrisia de golpista de não querer ser chamado de golpista.
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terça-feira, 17 de maio de 2016

Coisas da minha neta

Richard Jakubaszko
Dizem que o bom de ser avô é o de ser pai duas vezes. A vantagem é que é ser pai sem ter as responsabilidades de educar e contrariar vontades infantis, hoje em dia um problema de difícil solução.
Da neta Beatriz, volta e meia conversamos pelo skype, longas conversas, às vezes quase sem assunto, por vezes com muito assunto. São papos "diferenciados", separados por meio século de cultura e costumes. Mas algumas coisas são como antes, como as pegadinhas e desafios culturais.

Neste fim-de-semana Beatriz, já às vésperas de fazer 13 anos em setembro próximo, me fez desafios.
Primeiro, perguntou ela, "o que é que tem coroa e não é rei. Tem escamas e não é peixe. E que sangra?" Respondi que devia ser abacaxi, mas não tinha certeza, porque abacaxi não sangra. E a pegadinha veio rápida: "senta em cima pra ver se não sangra".

O que é, o que é, que faz saltos altos e maravilhosos, e nunca vai para uma olimpíada? O sapateiro...

Passava um avião, e o sujeito berrou, boa viagem, Araújo! E alguém perguntou: como você sabe que há um Araújo no avião? A resposta do sujeito é que todo avião tem araújos, assim como todo navio tem marujos...

E qual a diferença entre um gato e a lua? Fiquei no miau, e a neta me diz que "astro no mia".

É assim, alegria de ser avô...

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segunda-feira, 16 de maio de 2016

O homem capitalista, poluidor e consumista

Richard Jakubaszko 
Escrevi o livro "CO2 aquecimento e mudanças climáticas: estão nos enganando?", onde contei com a brilhante participação do físico Luiz Carlos Baldicero Molion, e do também físico José Carlos Parente de Oliveira, entre outros cientistas. No livro se destacam críticas aos 7,4 bilhões de seres humanos poluidores e predadores do planeta, mas que não são responsáveis pelas mudanças climáticas, o vídeo abaixo retrata bem essa situação, mas desvirtua para a acusação de que os seres humanos são os responsáveis por um inexistente aquecimento.

Para adquirir o livro, clique na capa do livro, aí na aba lateral direita deste blog, ou envie e-mail para co2clima@gmail.com para receber instruções de como efetuar o pagamento e recebimento do livro.
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quinta-feira, 12 de maio de 2016

Enquete: o que você acha que Temer vai fazer na presidência?

Richard Jakubaszko
Vote na empolgante enquete do blog, aí na aba lateral: o que você acha que Temer vai fazer na presidência?
Não se pode votar duas vezes, pois o sistema do Google não permite, mas é possível votar em até 3 alternativas.
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quarta-feira, 11 de maio de 2016

A agenda perdida da área internacional


Marcos Sawaya Jank *
É dramática a situação das representações brasileiras no exterior. Atrasos nos salários e benefícios dos funcionários, cortes de água e luz, dificuldade para custear viagens de trabalho e um inaceitável atraso nas contribuições para as Nações Unidas e outras organizações internacionais são exemplos de problemas correntes das 225 representações do país no exterior.

Após o aumento de mais de 40% no número de representações desde o governo Lula, o Brasil se vê hoje na constrangedora situação de ter de fechar postos e reduzir despesas correntes para não ser despejado em alguns países.

Acompanho o trabalho dos diplomatas brasileiros há mais de 20 anos e posso afirmar, com segurança, que a nossa diplomacia se posiciona entre as melhores do mundo. Trata-se de uma das poucas carreiras de Estado bem estruturadas no Brasil, marcada pela seleção criteriosa, pela formação sólida e pela reputação reconhecida no mundo todo.

Mas, apesar dos bons serviços prestados no exterior, muitas vezes de forma heroica e voluntária, a coordenação do governo como um todo deixa a desejar. Os Ministérios das Relações Exteriores, Indústria e Comércio Exterior, Agricultura e a Apex (Agência de Promoção de Exportações e Investimentos) precisam juntar esforços de forma mais eficiente, definindo claramente as suas atribuições e limites, somando recursos e evitando duplicidades.

Missões esporádicas ao exterior são necessárias, principalmente em nível presidencial e ministerial, mas datas e horários precisam ser respeitados e o follow-up do que foi acordado precisa ser cumprido. Falhas homéricas têm ocorrido – além de sucessivos cancelamentos e atrasos, quase sempre há muito barulho no momento da visita, mas pouco preparo prévio e uma execução deficiente na sequência.

Deveríamos reduzir a busca por holofotes passageiros em megaeventos de custo astronômico e cuidar melhor da relação cotidiana com nossos parceiros comerciais. Por exemplo, na Ásia, região mais dinâmica do mundo, a nossa presença física é tímida e desconectada, menos expressiva do que a de países bem menores do que o Brasil.

No caso das commodities, que representam dois terços das nossas exportações, mais importante do que participar esporadicamente de feiras e rodadas de negócios é direcionar recursos para a labuta diária nos órgãos reguladores dos países-chave: ações para reduzir as barreiras comerciais, entrega rápida de questionários de habilitação de unidades produtivas, organização de visitas e missões, negociação de acordos bilaterais – sanitários, contra a dupla tributação, de facilitação de comércio e investimentos etc.

Precisamos ultrapassar a fase das demandas unilaterais de acesso ao país-alvo e desenvolver parcerias estratégicas de longo prazo que beneficiem os dois lados. As oportunidades de cooperação bilateral são imensas.

Mas nada disso é novidade, porque já estivemos em melhor posição no passado, inclusive no vasto universo das negociações para a formação de megablocos comerciais, à semelhança dos que hoje proliferam pelo mundo afora.

Não faltam no Brasil cabeças brilhantes para enfrentar o jogo internacional com desenvoltura. O que falta, sim, é organização e foco, envolvendo não apenas os diversos órgãos do governo como também as associações e as empresas do setor privado. É hora de recuperar a agenda perdida da área internacional.

* Especialista em questões globais do agronegócio

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