sábado, 30 de maio de 2015

Fifa e CBF: se gritar pega ladrão...

Richard Jakubaszko

Desde que estourou o escândalo das investigações do FBI e da Justica dos EUA, com as prisões de dirigentes da Fifa, e também do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, acusados de corrupção e de receber propinas, percebi que eram jogadas políticas transversais, e levariam a um desenlace de proporções gigantescas, com reflexos aqui no Brasil. E tudo o que estamos vendo é só o começo do que vem aí pela frente.

Em minha modestíssima opinião, é estranhíssima (e indevida, até mesmo ilegal) a ingerência americana em organismos internacionais como a Fifa, cuja sede é na Suíça, eis que, absolutamente nada se passou em território americano, nem mesmo houve sonegação ao fisco do Tio Sam. A não ser que já tenham alguma prova da fonte da corrupção, ou seja, do corruptor, que seria, quem sabe, a Nike, gigante americana fornecedora de material esportivo, patrocinadora de muitos times de futebol e de seleções. Mas a Nike nem foi mencionada diretamente nessa história toda, e as alegações americanas para essa atuação dos xerifes do mundo, é de que a sede da Concacaf fica nos EUA (Miami), além de muito dinheiro dessa corrupção ter sido movimentado em bancos americanos. Para os EUA vale as leis deles, aplicadas ao mundo conforme a conveniência deles.

Portanto, os americanos, mais uma vez atacam de xerifes do mundo, atropelam fatos (a corrupção no futebol) fora de sua jurisdição, sem nem gostar de futebol, talvez por desejar enfraquecer a posição da Rússia, que será a sede da próxima Copa do Mundo de Futebol, em 2018, mas é também um membro do chamado grupo dos Brics, que os EUA andam bombardeando. Como se sabe, em política não há coincidências, e não foi mera coincidência a prisão dos dirigentes da Fifa, às vésperas da eleição de Blatter, reconduzido ao cargo pela 5ª vez consecutiva.

Depois das prisões teve o anúncio de que serão "investigados" os processos da decisão da Fifa em levar o próximo campeonato mundial de futebol para a Rússia. Tudo muitíssimo estranho.
Os EUA não aceitaram perder o direito de sediar a Copa do Mundo de 2022 para o Catar, depois de uma eleição atropelada por denúncias de suborno, corrupção e compra de votos.


Na CBF anda rolando um terremoto, quem sabe um tsunami, entre seus atuais dirigentes, pois os ex-dirigentes João Havelange, Ricardo Teixeira e José Maria Marin, deixaram rastros, e se alguém gritar "pega ladrão!" não sobra um, meu irmão, conforme a canção nos informa... Faço votos de que, afinal, isso sirva para fazer uma faxina nos corruptos da CBF.

O atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, voltou rapidinho da Suíça para o Brasil, mas brasileiros como J. Háwilla, e outros, já estavam mergulhados até  o pescoço nessa sujeirada toda, inclusive com admissão de culpa e devolução parcial de vultosas parcelas de dinheiro da corrupção recebida, e que envolve muita gente poderosa no Brasil, a começar pela Rede Globo e do seu executivo Marcelo Campos Pinto, diretor da área responsável pelas negociações de compra dos direitos das transmissões exclusivas da emissora, seja da Copas do Mundo ou do Campeonato Brasileiro, e da Fórmula 1.

Consta que a empresa Sport Promotion, do empresário José Francisco Coelho Leal, o Kiko (ex-parceiro de Luciano do Valle na Luqui Participações) tem envolvimento. Assim como Kiko, intermediário em associação com a Traffic, de J.Háwilla – nos direitos de transmissão da Copa do Brasil (citada pelo FBI como fonte de propinas), teriam, portanto, ligação direta com a Rede Globo. Vai ser difícil afirmar que "a gente não sabia de nada disso"...

O fato é que os EUA estão determinados a julgar os dirigentes da Fifa e das entidades filiadas, pois a procuradora americana, Loretta Lynch, afirmou que a operação e as prisões na Suíça foi "só o começo". Pretendem agora que a Suíça extradite os dirigentes, 7 dirigentes e 5 integrantes do Comitê da Fifa, para serem julgados em território americano, o que vai gerar uma discussão jurídica e política sem fim, pois a turma presa não é "café pequeno", e vai recorrer. Portanto, o precedente jurídico é interessante.

Os rumos que podem tomar a investigação do FBI contra dirigentes corruptos do futebol mundial, da América Latina e do Brasil, ainda vão trazer surpresas pra muita gente, além de muita discussão política.

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